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11 de janeiro de 2015

LITERATURA AMAPAENSE: Resenha do livro A ANFITRIÃ, de Elielson Junior



O Amapá tem se mostrado um celeiro frutífero de escritores, que cada vez mais tem buscado seu espaço, seja através da publicação de livros ou a simples participação em grupos organizados de poesia e artes integradas. Num mar de autores produtores de textos poéticos, alguns se destacam pela afinidade maior com a prosa. Depois de surpresas agradáveis na literatura jovem amapaense, como Samila Lages e Antonio Fernandes, mais um novo prodígio marcou seu début literário: Elielson Junior, um macapaense de apenas dezenove anos.
O romance de estreia de Elielson, A Anfitriã, lançado pela editora Multifoco através do selo Desfecho Romances (2014, 227 páginas) tem um apelo bastante juvenil, com uma história narrada numa linguagem enxuta e direta, extremamente acessível. Os personagens, dos quais nenhum é necessariamente protagonista, são estudantes adolescentes que levam uma amizade dentro e fora da escola, cada um com seus próprios dramas, conflitos e segredos obscuros relacionados a toda sorte de problemas que um adolescente pode enfrentar. Os personagens se revezam enquanto narradores do livro, expondo assim a história sob pontos de vista muito pessoais, o que nos permite uma relação mais direta com os pensamentos e ações deles.
O título do livro se deve ao fato de que uma “entidade misteriosa” promete acabar com a vida de todos os personagens, moralmente falando, já que conhece segredos e mentiras que rondam as vidas deles. Os jovens são intimados a comparecer numa mansão abandonada, convidados por essa pessoa misteriosa autointitulada “anfitriã”. Envoltos em tensão, o cotidiano de cada um deles começa a sofrer abalos por conta da iminente desconfiança que passa a cercá-los, já que é muito possível que a tal anfitriã esteja mais perto do que imaginam.
Apesar do clima de thriller, a prosa de Elielson ganha momentos que muitas vezes quebram o ritmo tenso, como em algumas sequências com apelo mais humorístico ou cenas de conversas banais entre os personagens. O foco mesmo é brincar com a sensação provocada por livros de suspense e, no caso desta obra em particular, o mistério sobre a identidade da anfitriã e outras verdades inesperadas, que realmente podem te deixar de boca aberta.

Mesmo estreante, Elielson já participou de diversos eventos literários, como a Bienal do Livro em São Paulo, além de ter seu livro resenhado por vários blogs internet afora. Porém, sua vida autoral vem sendo moldada há mais tempo que isto, já que sempre bebeu de fontes abastecidas por autores célebres, como J.K. Rowling e Agatha Christie. Então não se deixe enganar por A Anfitriã ser um romance com protagonistas jovens ou porque a linguagem não é rebuscada (caso isso seja termômetro para você julgar uma obra boa ou não). O autor já prometeu uma sequência e, como os escritores tendem a evoluir, muito provavelmente o próximo livro trará uma maturidade literária e ficcional ainda mais surpreendente.


Publicado originalmente no periódico Expresso Pena e Pergaminho, do grupo poético Pena e Pergaminho no segundo semestre de 2014

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