O romance histórico As aventuras do Professor Pierre na terra
tucuju é a primeira obra literária da amapaense Maria Ester Pena Carvalho.
Fruto do inovador Edital de Criação Literária Simãozinho Sonhador, a história
é, sem dúvida, um prato cheio para quem curte a mescla entre fatos e ficção. A
experiência de ler este livro é tranquila e satisfatória. O livro não é
volumoso, muito pelo contrário: possui pouco mais de cem páginas e mesmo assim
consegue narrar com êxito criativo diversas aventuras do professor francês Jean
Pierre sem precisar encher folhas e folhas, recurso típico de muitos best sellers e clássicos mundo afora.
Sobre a história propriamente
dita, trata-se de uma união entre realismo fantástico e dados precisos sobre a
História do Amapá. No ano de 1973, o professor Jean Pierre usa uma máquina do
tempo e consegue a proeza de visitar episódios históricos da nossa terra,
embora em alguns momentos ele perca o controle disso e não consiga evitar sumir
de repente de uma época e surgir em outra (e aí você pode visitar junto com
Pierre o evento do Contestado ou até mesmo reconhecer a época atual numa
sequência impagável em que o francês perambula por uma Macapá do século XXI,
com suas peculiaridades que deixam o professor ainda mais intrigado). A leitura
da obra de Maria Ester prende a atenção do início ao fim, inclusive pelas
tantas referências feitas a artistas e canções locais, o que causa imediata
identificação com o leitor. Vale ressaltar que a leitura não encontraria eco
fácil em leitores que não sejam ou não morem no Amapá, pois sua narrativa tem
um tom muito particular em como ela nos envolve.
A linguagem é de fácil
compreensão, porém rica; as partes que explicam acontecimentos históricos e
outras informações mais acadêmicas não chegam a ser maçantes (caso você não
seja fã de detalhes desse tipo) e, de fato, o leitor se sente dentro das cenas,
além de enriquecer seus conhecimentos sobre a cultura local (entre várias
coisas, dá para entender um pouco mais sobre a história do município Mazagão).
Outro ponto a se frisar é que o
final condiz muito bem com o desenrolar do livro e, ao terminá-lo, não haverá
qualquer sensação de frustração, pois chega a ser divertido e imaginativo.
Recomendadíssimo para qualquer
amapaense, nativo ou de coração. Recomendadíssimo para amantes de leitura.
Recomendadíssimo para as bibliotecas das nossas escolas. Esperamos ansiosamente
pelo próximo trabalho da Maria Ester.
Publicado originalmente no periódico Expresso Pena e Pergaminho, do grupo poético Pena e Pergaminho, no primeiro semestre de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário