Entendo que o ser humano é um
buscador. Parece-me, inclusive, que alguns em particular são buscadores
eternos. De quê? De tudo. O homem geme no escuro de seu ser por necessidades
latentes, apesar de algumas dessas serem questionáveis, fúteis. O problema é
que nem sempre sabemos identificar o alvo de nossos anseios. Apenas sentimos e
desejamos. No afã de preencher lacunas de natureza desconhecida, acabamos por
nos envolver com coisas e/ou pessoas que não somam em nada, mas subtraem muito.
Subtraem tempo, juventude, vida. Dinheiro também, claro.
Entendo que o ser humano que se
entrega a Deus a fim de um compromisso sério não precisa ansiar por mais nada,
posto que a vida que se oferece para caminhar com Jesus automaticamente começa
a fazer sentido e suas necessidades (reais) são supridas gradativamente.
Entretanto, pode ser que essa minha afirmação, em algum campo, abra espaço para
questionamentos, ressalvas, controvérsias, até mesmo de pessoas da seara
espiritual. Ainda bem que não almejo o título de dono da verdade.
Mesmo o indivíduo realizado
espiritualmente pode ser um buscador, no sentido mais coletivo da palavra (para
ser mais preciso, o sentido empregado no início deste texto, que agrega os
seres humanos independentemente de etnias, religiões, posicionamento político).
Pode não estar buscando a Deus, mas pode estar visando uma carreira promissora
no mundo empreendedor. Quem sabe queira ser pai ou mãe. Pode estar atrás de uma
aprovação num concurso público, de uma chance de ser rico, de aprender uma nova
língua, de entender seu lugar no mundo ou até mesmo de mudá-lo. Esse desejo
gritante em nossos peitos consegue moldar muitos momentos de nosso dia-a-dia,
definir nossas agendas ou tirar-nos o sono.
Eu diria que existe uma outra
categoria de “buscadores”, que aliás é a pior: aquele que está procurando por
algo que um dia já teve e foi perdido. Espere. Não. O pior buscador é aquele
que procura por algo que já lhe pertenceu, já lhe foi próprio, perdeu-se e
durante sua busca nem sabe o que é. Você já se pegou num mar sem o menor
sentido, nadando com os braços cansados, embora não soubesse a finalidade
disso? Já se flagrou no escuro do seu ser revisitando memórias que parecem
quebras-cabeças sem as peças correspondentes? O que lhe falta? O que nos falta?
Onde estão as paixões que costumavam acender enormes fogueiras em nossos
corações? Devemos continuar buscando o que não temos ou o que já tivemos? Até
que ponto?
São muitas perguntas. Este texto
nunca teve a intenção de fornecer respostas. Este texto nasceu para indagar,
para inquirir, pois neste exato momento me pego em plena interrogação. Minha
salvação para isso tudo é saber que Deus me concede um novo aprendizado a cada
dia, e daqui a pouco irei dormir confiante de que cada amanhecer traz consigo
uma nova resposta para minhas perguntas. Ou, pelo menos, uma pecinha pra ajudar
a montar o quebra-cabeças.
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