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22 de fevereiro de 2012

crônica: COMO NASCE UMA CRÔNICA (em 3D)



Uma crônica pode nascer de diversas maneiras. Uma delas, como neste texto, diz respeito ao autor colocar a cabeça pra funcionar em busca das origens possíveis das crônicas. Antes, deixe-me dividir com você algo interessante que me ocorreu há algum tempo: eu enfiei na mente a ideia de um dia escrever o que seria, na minha imaginação, uma crônica 3D! Estranho, não? Mas essa insensatez —coisa de escritores— se deve a uma ocasião em que estive refletindo sobre o rótulo de uma famosa marca de fermento em pó. Você deve se recordar. O rótulo vermelho mostra no centro uma lata de fermento igualmente àquela que tem o rótulo vermelho, e a imagem da lata com rótulo vermelho vai se sucedendo, uma dentro da outra.
No afã da minha viagem na maionese, um desses milésimos de segundo tão insanos quanto ironicamente saudáveis, imaginei se eu não estivesse dentro de uma embalagem de fermento em pó, uma vez que, já que há uma bendita lata no rótulo de outra lata, quem me garantiria que a lata na “minha realidade” não seria desenho ilustrando um rótulo? Agora você entende parte dos meus acessos de loucura que originam os mais diversos textos de ficção (incluindo os deste blog).
A verdade é que me desviei do que me propus no início. Sim, sim, como nasce uma crônica? Tem vezes que uma crônica simplesmente explode na cabeça do cronista, como um big bang devastador, que não se preocupa se o escritor tem mil problemas o atormentando, conflitos mentais, projetos literários diversos ou se ele acessa internet em Macapá. Tem crônicas que são completas amigas, pois elas já vem com uma estrutura pronta, início, meio e fim. Não é o caso desta, por exemplo. Porém, as outras a que me referia são tão camaradas que a única coisa que falta, obviamente, é serem escritas. As crônicas dessa espécie só não se escrevem sozinhas e se atiram num blog ou na página de um livro porque, no dia que isso acontecer, provavelmente muitas outras bizarrices assustadoras estarão acontecendo paralelamente no mundo, como um computador cansar de ser xingado pelo internauta frustrado, possivelmente morador de Macapá, e se desligar sozinho e religar somente com um pedido de desculpas categórico e um buquê de rosas. Uns elogiozinhos disfarçados de vocativos caem bem, tipo “meu PCzinho fofo, religue-se, por favor!”
Vale lembrar que crônicas são, essencialmente, narrativas do cotidiano que aproximam o leitor com muita facilidade do texto, pois uma característica primordial da crônica é revelar a verdade muitas vezes ignorada ou mal percebida. É por isso que grande parte das crônicas tem forte apelo humorístico, porque nós nos identificamos naquelas linhas, nós lemos e suspiramos aliviados por saber que não estamos sozinhos em muitas de nossas atitudes, e isso quase sempre nos faz rir. Juntando-se a verdade do dia-a-dia com alguém que tenha paixão por escrever, além de talento também, BUM!! Tem-se uma crônica bem cozida e pronta para servir, sem limite de porções.
Como nasce uma crônica? Pode nascer sem querer, quando você olha uma cena na rua ou imagina o desenvolvimento de uma mera imagem que você viu em algum lugar. Pode vir de uma reles frase proferida por um amigo seu ou mesmo um desconhecido que teve o abençoado papel de te inspirar a criar uma crônica. Não sei se consegui expor lucidamente meu ponto de vista. Às vezes, a crônica nos faz divagar, nos faz discorrer sobre elementos peculiares da vida diária, mesmo que nos ponha um pouco à parte de um foco específico. Ela nos leva sorrateiramente a criar um diálogo tão à vontade que, aquilo que fora proposto por ela, acaba fazendo sentido na mente dos que estão atentos na leitura. Ou será que não? Quanto à minha crônica 3D, que seria uma crônica dentro da crônica (levando em consideração que 3D busca causar o efeito da profundidade aos nossos sentidos), considero quase uma missão que cumpri indiretamente, com este texto. Crônica 3D?!?! Façamos o favor, né? Isso não existe...

3 comentários:

José María Souza Costa disse...

Aplausos.
Inteligente, voce



CONVITE
Tenho um página muito simplória na internet, aonde escrevinho alguns pensamentos, poemas, poesias ou mesmo textos diversificados. Não seria um blogue. Um blogue, é mais complexo, mais completo, mais colorido. Ainda assim, estou a lhe convidar a ir até lá, visitar-me, e se possivel seguirmos juntos por eles. Estarei lá, muito grato, esperando por Você.
http://josemariacostaescreveu.blogspot.com

HelianaBastos disse...

adorei, me arrancou umas boas risadas. metalinguisticamente acho que cumpriste tua missão de dizer como nasce uma crônica 3D.

Elielson Júnior disse...

" ou se ele acessa internet em Macapá." Impagável KKKKKKKK melhor crônica!!! Até agora a minha preferida! Meus parabéns!!!