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18 de janeiro de 2012

ADELE, FÃS EGOÍSTAS E O PROBLEMA DAS "MODINHAS"



O ano passado foi farto de bons frutos para a carreira da britânica Adele, na minha opinião a maior (e melhor) revelação mundial da música pop de 2011, apesar da talentosa cantora estar ralando há mais tempo que isso. Someone like you, seu terceiro single do álbum chamado 21, está na boca do povo (em todo tipo de "inglês" que você puder imaginar), graças à influência de sua presença numa novela global. Então, é nesse ponto que este texto começa a desencadear seu objetivo.
Para muitos fãs de Adele no Brasil, agora que seu hit está entre as mais pedidas das rádios em todo o país, a cantora ficou banalizada. Deixou de ser objeto de seus mimos, exclusividade de seu arrojado gosto musical e passou a ser uma voz popular, virou "modinha", todo mundo gosta, curte e tem em MP3 no celular. Para muitos, desespero, "não ouço mais Adele porque vão pensar que sou poser (termo para quem facilmente se agrega a algum movimento artístico-cultural)". Para outros, indiferença. Para outros poucos, tranquilidade e até contentamento: "Ótimo, que bom que agora mais gente reconhece o valor da Adele e passa a ouvir menos tal e tal gênero musical, tal e tal cantor sertanejo e por aí vaí". 
Pois é, algumas vezes ficamos muito aborrecidos com o problema de algo do nosso rol de preferência virar "modinha". Mas por que tanto alarde? Por que tanto nojinho quando Someone like you embala cenas na novela? Isso não é a primeira vez que acontece, já vem desde os tempos em que muitas bandas saíram do underground  e passaram a ser conhecidas nas periferias, tiveram suas imagens estampando camisetas de jovens de baixíssima renda (Evanescence, Linkin Park, Slipknot, Nightwish, só para citar alguns exemplos). O problema é que o ser humano tem necessidade por exclusividade ou bairrismo. Ele gosta de estar entre os primeiros que conheceram o trabalho de algum grande cantor que mais tarde explodiu. Ele gosta de compartilhar apenas entre os "seus" todo tipo de informação sobre aquela banda ou aquele artista. Quando o trabalho desse artista começa a escapar de sua jurisdição, seu egoísmo ganha formas beirando à mesquinharia e ele começa a protestar, desmerecer a maioria das pessoas que se tornaram fã do artista e passar a impressão de que houve uma rachadura em seu mundo. Uma pergunta aqui: qual é o problema de algo virar moda? O quanto isso influencia sua vida de maneira a fazê-la desandar?
Este texto tem tons exagerados, eu sei. E ele não é para acusar ninguém, até por que eu mesmo já dei uma de fãzinho chato que pagou de pedante por conhecer há mais tempo determinado artista. Entretanto, opa!, também já estive do outro lado. Parece que algumas pessoas querem ser detentoras do direito de serem únicas fãs de um determinado trabalho. Não é só com música, obviamente. Creio que, tudo bem você fazer um pouco de bico por ter de dividir seus queridos ídolos, mas acho que deve haver um certo limite. Deveríamos ficar mais felizes em ver que nossos artistas favoritos estão ampliando seu nicho, estão tendo mais reconhecimento, estão sendo valorizados. Claro que existem aqueles indivíduos que nunca conseguiremos considerar fã, pois nunca passará de um modista, nunca pesquisará sobre a carreira do artista, nunca conhecerá músicas além de hits consagrados, mas acho que todo fã deve começar de algum lugar. 
Outro ponto que eu não deveria deixar de ressaltar é a presença dos hipócritas que entraram em alguma onda ou tribo urbana por influência (de novela, internet, amigos etc.) mas adoram tacar pedras nos "modistas calouros". São aqueles que atacam a modinha e os modistas mas não tem argumentos para defender sua posição ou possuem argumentos muito fracos, resumidos a xingamentos ou definições simplórias a respeito do novo público que está aparecendo. Alguns gostam de posar de intelectuais, outros só estão dando vazão à sua chatice, outros são os dois.
Se não dá para escolher um lado nessa luta toda (se incentiva ou se odeia que mais gente venha a conhecer o trabalho do seu ídolo), tente achar um equilíbrio. Eu só não concordo em matar e abandonar nas trevas eternas do underground os artistas ou gêneros musicais que prezamos tanto. Afinal, muito se reclama que a cultura à nossa volta é pobre e o povo consome muita porcaria. 


5 comentários:

Lara Utzig disse...

Nada contra quem ouve, mas me irrita lembrarem dela como a gorda com voz de Amy Winehouse ou coisa do tipo.

Andreza Gil disse...

Fiquei impressionada com o texto, querendo ou não, este é um assunto do qual nos apresenta um mundo de interrogações. E sim, cada um pode se encontrar nele.

Marina Carla disse...

Texto perfeito!!! É assim que penso também.
Bato palmas para você aqui, na frente do monitor.

Victor Von Serran disse...

O Underground tem tanta coisa boa não divulgada. Depois de Amy, acho Adele a mais completa artista desta época, junto com Strokes que definiu um novo genero de rock chamado indie.

Abraço e to seguindo !

Anônimo disse...

Gostei do conteúdo e da forma como você escreve. Só não gostei de uma coisa: essa letra toda em negrito, sem espaçamento entre os parágrafos deixa muito ruim para ler! Sempre me perco! Não é possível deixar uma linha de parágrafo, espaçamento e tal. Parece frescura mas acho que facilitaria a leitura!
Abraço