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21 de julho de 2010

crônica: AMOR DE 4a SÉRIE


Ela chegou na escola. Finalmente, após eu esperá-la tantos minutos gastos em frente ao portão. Sabia que ela morava perto da escola, muitíssimo mais do que eu, porém ela sempre chegava uns quinze minutos depois. Certa vez eu fiquei frustrado quando esperei, esperei, ela não veio. Nessa ocasião, o dia perdeu a graça pra mim. 
Ela estudava duas séries abaixo de mim, éramos dois pirralhos que, como diria minha mãe, nem sabiam limpar o bumbum direito. Entretanto, nos amávamos. Eu me apaixonara por ela desde que a vi fantasiada de cigana correndo atrás de seus coleguinhas pretendendo esganá-los. Que sorriso ela tinha, a japonesinha-índia! 
Seus cabelos eram lisinhos, e no recreio ela sempre comia bolo de chocolate. Lembro claramente que foi ela quem começou com essa história de paixonite, porque vivia olhando para mim, às vezes sorria, e eu era uma criança que me apaixonava fácil. 
Além dos olhares que ela me dava, indiscretíssimos, o que me deu a certeza de sua paixão por mim foi quando, numa avenida próximo à escola, após a saída, ela vinha com uma amiga. Acho que era sua prima. Quando passei por elas (fingindo não conhecê-la, mas quase me acabando de feliz por dentro), a tal prima me disse o nome dela. Assim, do nada. Pra quê? Ora, certamente era pra dar o primeiro passo... Meu coraçãozinho nem acreditou. Ganhei o dia, ou melhor, ganhei muitos dias, semanas, meses... E me enchi de esperança. Bom, ficou só naquilo mesmo. Nossa única comunicação naqueles dourados segundos.
No entanto, o ano acabou. Mudei de escola, fiquei sem saber dela. Encontrei-a muitos anos depois, em frente a uma banca de revista. Nem acreditei. Eu que pedia a Deus para reencontrá-la, e Ele nada de me escutar. Então, de repente, ali estava ela. Já nem se lembrava de mim. Para ela, eu devo ter sido uma paixão de segunda série, uma besteira de uma mente imatura. Todavia, ela, para mim, fora um grande amor da quarta. E uma recordação para a vida toda. 

P.S.: Hoje, quem diria, somos bons amigos. Tem coisas que só Deus, que parece ter um gosto por ironias da vida, é capaz de arquitetar.  

2 comentários:

Babi Leão disse...

Que engraçado, quando comecei a ler poderia jurar que estava lendo um conto, mas a crônica foi se revelando direitinho no final ! Que lindo né ? E que coincidencia a gente postar sobre pirralinhos! hahahaha

Parabens, o blog ta cada vez melhor !
Beijos !

Unknown disse...

Hehehehe Muito show ! Gostei demais !