(COM SPOILERS)
Quando tive a ideia para escrever a série Desapaixonante, imaginei que isso deixaria bastante gente intrigada, e por isso mesmo iriam querer conferir o resultado de uma premissa tão diferente (pessoas contratadas para ajudar outras pessoas a se desapaixonar). Como outras ideias que tive, essa nasceu na rua, e não me lembro ao certo o que me fez ter esse estalo. Só sei que imaginei como seria engraçado uma pessoa se desiludir ao ver que alguém de quem gosta comete imperdoáveis erros gramaticais, por exemplo. Obviamente, achei este um motivo bobo e fraco para alguém perder o encanto, mas me dei conta de que cada pessoa tem seus motivos para justificar suas preferências para tudo, de música à comida, bem como para deixar de tê-las. Como essas razões só são mostradas no final de cada episódio, é aí que reside boa parte da “comédia” da série, que nasceu justamente com isso como prioridade.
Quando tive a ideia para escrever a série Desapaixonante, imaginei que isso deixaria bastante gente intrigada, e por isso mesmo iriam querer conferir o resultado de uma premissa tão diferente (pessoas contratadas para ajudar outras pessoas a se desapaixonar). Como outras ideias que tive, essa nasceu na rua, e não me lembro ao certo o que me fez ter esse estalo. Só sei que imaginei como seria engraçado uma pessoa se desiludir ao ver que alguém de quem gosta comete imperdoáveis erros gramaticais, por exemplo. Obviamente, achei este um motivo bobo e fraco para alguém perder o encanto, mas me dei conta de que cada pessoa tem seus motivos para justificar suas preferências para tudo, de música à comida, bem como para deixar de tê-las. Como essas razões só são mostradas no final de cada episódio, é aí que reside boa parte da “comédia” da série, que nasceu justamente com isso como prioridade.
Compartilhei com a minha esposa a
premissa da série, e trocamos muitas ideias sobre como ela poderia ser
desenvolvida. No início, cada episódio seria curto e grosso, contendo no máximo
algumas informações rápidas sobre Milena e Sávio e com muito mais foco nos
casos que a agência deles resolveria. Ao fim do episódio piloto (batizado assim
para imitar o padrão americano das séries de TV, em que a maioria das estreias
de séries tem o primeiro episódio nomeado assim), escrito em duas laudas no
Word, vi que havia fracassado em querer escrever algo compacto e objetivo.
Porém, havia ficado com um resultado agradável. É necessário frisar que nenhum episódio
vai pro blog sem que antes eu o releia e modifique algumas vezes e até a Cássia
dá uns pitacos; ela é como a degustadora oficial, que me ajuda mostrando quando
algumas coisinhas estão desnecessárias ou se já estão “no ponto”.
Desde a produção do primeiro
episódio, foi decidido que a narrativa seria alternada, para que tivéssemos
perspectivas diferentes da história. O primeiro, por exemplo, é narrado pelo
personagem Sávio. Criado apenas em caráter experimental, esse episódio não traz
todas as informações importantes sobre a agência que ele administra com sua
amiga e sócia Milena, tampouco a respeito deles mesmos. Essas informações
adicionais ficaram como cartas na manga a serem reveladas depois, para o caso
do episódio piloto ser aprovado por uma quantidade significativa de leitores.
Mesmo que o episódio não tivesse sido aprovado, o fato de não se saber ainda
certas coisas sobre o universo da série não teria influência direta no episódio
em si, e a série poderia muito bem ter sido cancelada ali.
A sacada foi dar ao leitor alguns
vislumbres sobre como a agência funciona, mencionando, por exemplo, seu nome
(ANNA – sigla para Agência do Negócio Nada Apaixonante) e uma lista inusitada
de cinco mandamentos, suscitando no leitor a curiosidade de querer saber mais
sobre a empresa, já que até uma lista de mandamentos ela possui!! O fato de dar
a ela um nome de mulher foi um trabalhinho à parte, mas assim que surgiu um
significado interessante que combinasse com uma sigla interessante,
automaticamente surgiu uma ideia de usá-lo além do mero nome para a agência,
tornando-o assim um tipo esquisito de homenagear a primeira moça por quem Sávio
se desapaixonou graças à ajuda de Milena.
Cada nova ideia ou detalhe que
pudesse ser acrescentado à vida dos personagens-chave foi gerando um
crescimento descomunal em Desapaixonante. A partir do segundo episódio, narrado
por Milena, entendi que seria difícil redigir os textos com todas as
informações que cada um deveria conter e ao mesmo tempo não deixar que ficassem
longos. Textos grandes em blogs não são atraentes para a maioria das pessoas,
pois geralmente ninguém entra na Internet para fazer uma coisa só, e se o seu
texto não segurar a pessoa nas primeiras linhas, ela abrirá outra aba no
navegador para olhar algo mais interessante. Mas a narrativa de Desapaixonante
tem conseguido um grande feito nesse sentido, pois a leitura tem sido muito fluída
e leve, já que a linguagem é rápida e a dinâmica da narrativa em primeira
pessoa contribui demais. Existem truques inseridos aí, e não digo isso para me
vangloriar, mas porque quando você lê uma história com um tema tão universal
(paixão), o fato de ele ser narrado do ponto de vista de quem vive os fatos te
põe mais perto deles, já que você tem acesso até mesmo às reações mais íntimas
e pensamentos mais secretos, sendo praticamente um cúmplice. E aí está outro
truque, pois estar tão próximo do personagem-narrador numa série como esta te
ajuda a refletir mais sobre o mundo ao seu redor, mesmo que isso ocorra durante
a interação com um texto cômico.
Na verdade, a comédia é uma forma
de apontar as verdades inescapáveis da vida de forma a mostrar que ninguém está
imune a elas, e ainda assim rir disso. E em Desapaixonante, quando Milena ou
Sávio se pegam num dilema ou quando um de seus clientes não nega o brilho
abobalhado de paixão no olhar, a gente sabe que eles não são mocinhos e nem
vilões, bons ou maus, mas são pessoas próximas de nós ou somos nós mesmos.
Enfim, esse foi o primeiro texto
sobre os bastidores da série, de maneira a deixá-lo mais próximo do processo de
criação. Ando bem satisfeito com o que as pessoas me dizem e as mais diversas
emoções que a história tem despertado. Agradeço a Deus por estar tendo sucesso
com isso, pois tudo é graças a Ele, e depois a você, leitor, que foi pego na
armadilha da paixão e agora nem mesmo a ANNA pode te ajudar.
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