Continuando a trajetória duvidosa de nosso peregrino...
Flautino Eruditus em sua viagem de táxi
definitivamente não agüentaria mais um minuto naquele carro velho. Pagou direitinho e desceu do veículo, em
frente a uma casinha de sapê, toda
bonitinha, parecendo abandonada. Passaria ali a tarde todinha, enquanto refletisse como ia seguir seu
objetivo.
Decidido, pegou sua mala e partiu. Após dois
quilômetros, a rua findava num cemitério, o qual Eruditus não hesitou em ter
que atravessar. Lá dentro, ele viu uma sepultura estranha, onde se lia um epitáfio que dizia o seguinte: “aqui jaz Elvis Lennon,
o sonho acabou”. De repente, surgiu
alguém, uma espécie de zumbi, que clamou a Flautino: “Por favor, ressucite-me!
Meu nome é Rock and roll e estou
morrendo aos poucos”. Mais adiante, nosso peregrino encontrou um homem barbudo
com cara de louco gritando: “Eu nasci há dez mil anos atrás”, em seguida bradava: “Eu só morri uma vez,
mas a Alanis Morissette”.
Assustado, Flautino correu e nem notou o fantasma da ópera que chorava implorando: “Não deixe o
samba morrer!”
Após a travessia pelo local sinistro,
Eruditus se deparou com uma construção enorme, identificada como Monte castelo, no qual com certeza residia um nobre. Ao
redor do castelo, estranhamente, passavam dois rios. No entanto, como o lugar parecia imundo e
pobre, quem devia morar ali era um nobre vagabundo. Ao portão, duas garotas e um velho sentado
aparentavam desânimo.
O velho era um barão e as garotas eram suas
filhas. Depois de saber que aquela família ficara na miséria, Flautino ficou
com pena e lhes estendeu uma garrafa de vinho e algumas moedas. As garotas, uma
a
musa do verão e a outra, a garota de
Ipanema, beberam o vinho na boquinha
da garrafa e o barão ficou vermelho de vergonha por sua situação decadente.
Flautino olhou para o lado e viu uma rua pela qual poderia prosseguir, então
disse “tchau” para os três e partiu.
Queria ajudar mais aqueles pobres coitados, mas entre razões e
emoções, preferiu não se desviar
de sua meta.
Quando tudo parecia em paz, nosso amigo foi
abordado por dois caras truculentos, semelhantes a titãs, e um magricela com penteado ridículo. O tal
magricela se apresentou: “Prazer, eu sou emo, e você?” Como Flautino não deu resposta, a pergunta ficou perdida. Um dos grandalhões, com um sorriso
maroto, fez uma importante revelação: só queriam que Flautino experimentasse um
tal cachimbo da paz,
entretanto o peregrino pensou: “Não vai dar samba”. Também percebeu que aquelas palavras eram mentiras e que, na verdade, o que aqueles caras
tinham era puro ecstasy.
Flautino Eruditus dispensou o “agrado” e
continuou caminhando e cantando e seguindo a canção, enquanto os homens se entreolharam e não deram a mínima. Pela rua, o
valente Eruditus viu objetos espalhados e desenhos de borboletas feitos no asfalto, fazendo dele um chão de giz. Então caiu a noite e ele entrou numa
hospedaria, em que uma tal de Carla Anna Júlia o atendeu. Ela tinha jeito de quem era cantada por todo mundo, parecia
uma fada, fada querida, além de
grudenta. A distraída se esquecera que mastigava algo e pôs outra coisa na
boca, misturando, dessa forma, chiclete com banana, enquanto anotava algo num papel de pão.
A saia dela era branca com certa
transparência e Flautino percebeu que a moça usava calcinha
preta. O jovem, por um minuto, achou que estivesse se encantando com
aquela menina veneno.
Todavia, viu que se encontrava exagerado e só um estúpido cupido para lhe
pôr numa fria daquelas.
Flautino foi para um quarto com intenção
única de dormir. “Amanhã não se sabe”, pensou o rapaz, que cultivava um coração de estudante, guardando a esperança por dias
melhores.
Não percam o final no próximo post...
Um comentário:
Eu amei o que acabei de ler. Eu sou apaixonada por leituras interessantes e se o seu lance é escrever, o meu vai ser a partir de agora ler tudo o que você escreve neste blog. Parabéns meu amigo. Fantástico! Fico feliz de ter um amigo tão talentoso, saiba que sou sua fã de carteirinha e não é de hoje.
Até breve!
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